Diário de bordo

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São Francisco do Sul

- Tamara

Eucaliptos, araucárias, ingás, coqueiros e, por fim, pisamos na restinga, descalças. Dobramos a barra da calça e entramos no mar de São Francisco do Sul (SC).

Fomos para ver o Museu Nacional do Mar. Em uma crise de gestão, o museu anda hoje escondido, mas guarda uma das mais importantes coleções de embarcações tradicionais do mundo. Um pouco triste ver, coberto de pó, um conjunto de obras lindíssimo, produzido por gente que dedica a vida à arte de fazer canoas.

Estava de baixo da poeira o maior aprendizado da viagem.

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Jurumirim

- Tamara

Éramos duas. Marininha e eu, sentadas no convés do Paratii2 com as pernas penduradas pra fora, olhando, ancoradas, a baía do Jurumirim.

Naquela mesma baía, muitas vezes assisti meu pai indo ou vindo de algum lugar feito de história malucas, animais estranhos e quase-desastres.

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Chapada Diamantina

- Tamara

 A trilha das águas claras era interrompida por uma série de riachinhos, e chuva caía e levantava a cada 100m de caminhada, quando a nuvem carregada da evaporação do oceano encontrava o Morrão. Entramos na cachoeira, felizes com o volume anormal de água. Ir embora não nos tirou da piscina, que começou a cair do céu, ensopando lanches, câmeras fotográficas, e enchendo nossos tênis de aquários lamacentos.

Agora os riachinhos pareciam sair de turbinas hidroelétricas.

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Canal do Varadouro

- Tamara

-fotos: Marina B. Klink

Não sei como convenci meus progenitores a me deixarem a participar dessa viagem. O plano era ir de Guaraqueçaba, uma pequena cidade no Paraná, até Paraty. As 300 milhas serpenteavam por canais e mar aberto, riscados na fé de que as duas bateiras recém construídas seriam valentes o suficiente.

Fui com meus pais até Guaraqueçaba de carro. Aproveitei as 11 horas de viagem pra estudar o caminho e me preparar para que, mesmo no papel de iniciante, eu pudesse dar alguma contribuição. Inclusive porque, se alguma falha troxesse o mau humor ao rosto e tom de voz do meu pai, os 4 metros da bateira não seriam o suficiente para desaparecer de vez.

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Os animais chegavam perto e brincavam no jardim do hotel

Namíbia

- Tamara

Confesso que demorei muito pra ler o livro do meu pai. Na primeira vez que li Cem Dias Entre Céu e Mar, estava na 4a série, e li numa dessas viagens de 4 horas indo de Paraty pra São Paulo. Com a estrada de Cunha caindo literalmente aos pedaços, as notícias sobre trânsito e andarilhos da BandVale, e a pouca luz do entardecer, convenhamos que não foi com a atenção digna que meus olhos correram tais páginas. E talvez, na época,  Desventuras em Série soasse um pouco mais interessante.

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TK pegada

Pantanal

- Tamara

-fotos: Marina B. Klink

Foi quando aprendi a ler as placas nas estradas que conheci o Pantanal.

A maior área continental alagável do mundo foi a alternativa que minha mãe encontrou para ficarmos longe de Paraty, mas não da água.

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Paraty

- Tamara

Por 6 anos, meu objetivo na vida foi um só. A pele descascada nos meus ombros queimados era prova da minha dedicação para catar conchinhas. Em formato de borboleta, em cor de rosa, estreladas, enroladas e chatas, elas íam para o museu particular que eu tinha no quarto.

Aprendi a reconhecer lugares pelo formato, cor e espessura desses presentes da água. Em Paraty eram pequenas e arredondadas, em São Francisco do Sul, eram mais finas e compridas; no pantanal, marrons e quase esféricas(onde os tuiuius enfiavam o bico), na Antártica, pareciam pirâmides azuladas.

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